sábado, 10 de março de 2012

Portuguesa recebe prémio por identificar genes presentes em recaídas de cancros

Uma investigadora portuguesa identificou seis genes presentes em maior quantidade nos tumores da mama de mulheres que apresentam recaídas, após uma primeira intervenção ao cancro, e já testou três deles, um trabalho científico premiado que vai agora ser desenvolvido.


Sofia Braga, médica oncologista a trabalhar no Instituto Gulbenkian  de Ciência, começou por querer ultrapassar a situação de, perante uma doente  que acabou de ser operada devido a um cancro da mama, não conseguir prever  se vai correr bem ou se vai desenvolver metástases, ou seja, se vai recair.

O seu projeto é um dos dois trabalhos de investigadores portugueses  que hoje vão receber 15 mil euros cada, através das bolsas Terry Fox.

Para cumprir o sonho de Terry Fox, o jovem canadiano que atravessou  o país a pé para angariar fundos destinados à investigação na área do cancro,  são distinguidos em Portugal os estudos na área do transplante de medula  óssea para doenças oncológicas e da relação entre as alterações centrossomais  e a pior evolução do cancro da mama. 

"O meu problema era, entre doentes de cancro da mama, precisar perceber  qual a doente que vai correr bem e qual vai correr mal", ou seja, era uma  questão de prognóstico, disse à agência Lusa Sofia Braga. 

A especialista começou por debruçar-se sobre dados públicos e depois  concentrou-se em dados do Instituto Português de Oncologia (IPO) para uma  análise dos genes das pacientes. 

"Primeiro perguntei sobre cancros da mama que corram bem e mal e depois  sobre genes que estejam envolvidos na agregação de centrossomas, algo ao  nível da biologia celular, e encontrei seis genes", explicou. 

"A minha previsão é que existem seis genes que são mais importantes  e estão em maior quantidade nos tumores das mulheres que recaem e neste  momento já testei três deles em material biológico de doentes do IPO de  Lisboa", avançou a investigadora. 

O dinheiro da bolsa vai permitir "continuar a expandir a validação destes  três genes, neste momento testados em muito poucas doentes", neste trabalho  também financiado pela Fundação Champalimaud.

"Os resultados são promissores, agora vou alargar a amostra a milhares  de doentes. Vou testar em larga escala para amanhã poder testar numa doente  que chegue ao hospital, em concreto", salientou Sofia Braga. 

A entrega das bolsas, resultantes dos fundos angariados na XVI Corrida  Terry Fox Portugal, em maio de 2011, conta com a presença da embaixadora  do Canadá, Heidi Kutz, da presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro  (LPCC)-Núcleo Regional Sul, e de um representante da Roche Farmacêutica.

A edição deste ano da Corrida Terry Fox Portugal, organizada pela LPCC,  está marcada para 12 de maio, com partida no Parque das Nações. 

in SICnoticias - 08/03/2012

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