Uma investigadora portuguesa identificou seis genes presentes em maior quantidade nos tumores da mama de mulheres que apresentam recaídas, após uma primeira intervenção ao cancro, e já testou três deles, um trabalho científico premiado que vai agora ser desenvolvido.
Sofia Braga, médica oncologista a trabalhar no Instituto Gulbenkian de Ciência, começou por querer ultrapassar a situação de, perante uma doente que acabou de ser operada devido a um cancro da mama, não conseguir prever se vai correr bem ou se vai desenvolver metástases, ou seja, se vai recair.
O seu projeto é um dos dois trabalhos de investigadores portugueses que hoje vão receber 15 mil euros cada, através das bolsas Terry Fox.
Para cumprir o sonho de Terry Fox, o jovem canadiano que atravessou o país a pé para angariar fundos destinados à investigação na área do cancro, são distinguidos em Portugal os estudos na área do transplante de medula óssea para doenças oncológicas e da relação entre as alterações centrossomais e a pior evolução do cancro da mama.
"O meu problema era, entre doentes de cancro da mama, precisar perceber qual a doente que vai correr bem e qual vai correr mal", ou seja, era uma questão de prognóstico, disse à agência Lusa Sofia Braga.
A especialista começou por debruçar-se sobre dados públicos e depois concentrou-se em dados do Instituto Português de Oncologia (IPO) para uma análise dos genes das pacientes.
"Primeiro perguntei sobre cancros da mama que corram bem e mal e depois sobre genes que estejam envolvidos na agregação de centrossomas, algo ao nível da biologia celular, e encontrei seis genes", explicou.
"A minha previsão é que existem seis genes que são mais importantes e estão em maior quantidade nos tumores das mulheres que recaem e neste momento já testei três deles em material biológico de doentes do IPO de Lisboa", avançou a investigadora.
O dinheiro da bolsa vai permitir "continuar a expandir a validação destes três genes, neste momento testados em muito poucas doentes", neste trabalho também financiado pela Fundação Champalimaud.
"Os resultados são promissores, agora vou alargar a amostra a milhares de doentes. Vou testar em larga escala para amanhã poder testar numa doente que chegue ao hospital, em concreto", salientou Sofia Braga.
A entrega das bolsas, resultantes dos fundos angariados na XVI Corrida Terry Fox Portugal, em maio de 2011, conta com a presença da embaixadora do Canadá, Heidi Kutz, da presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC)-Núcleo Regional Sul, e de um representante da Roche Farmacêutica.
A edição deste ano da Corrida Terry Fox Portugal, organizada pela LPCC, está marcada para 12 de maio, com partida no Parque das Nações.
in SICnoticias - 08/03/2012
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