Interessou-se pela Medicina cedo "pela curiosidade científica aliada à
possibilidade de ajudar os outros de uma forma muito directa".
Duas características que têm marcado a, ainda breve,
carreira de Sofia Duarte de forma determinante e que lhe valeram o
Prémio Internacional ‘Eminent Scientist of the Year 2012’ na área de
Ciência e Medicina, pelo seu trabalho em Neurologia
Médica-Neuropediatria.
Quando decidiu seguir
Medicina, Sofia estava determinada em trabalhar numa Organização Não
Governamental (ONG) noutro país e, assim, quando terminou o curso foi
fazer um estágio em Moçambique.
"O estágio foi
determinante para perceber que a formação dos profissionais locais seria
a forma mais útil para modificar a situação nos países em vias de
desenvolvimento", conta a médica do Centro Hospitalar de Lisboa Central –
Hospital D. Estefânia que está actualmente integrada no Programa
Gulbenkian de Formação Médica Avançada.
"Acabei
por encontrar a minha verdadeira área de interesse quando trabalhei num
Serviço de Neuropediatra em Barcelona e percebi que a Neurologia
Pediátrica, pelo desafio científico associado à complexidade de lidar
com estas crianças e respectivas famílias, seria o meu caminho", adianta
a investigadora.
Sofia Duarte trabalha com
"doenças genéticas raras que afectam o normal desenvolvimento do cérebro
e conduzem a alterações cognitivas, epilepsia, autismo e outras
manifestações" e explica: "para estudo destas doenças, desenvolvemos um
método de detecção de proteínas sinápticas no líquido cefalorraquidiano,
que é o líquido que reveste o cérebro e medula". A sinapse é a unidade
de comunicação entre os neurónios.
Para a jovem
investigadora, o prémio é uma forma de "distinguir o trabalho já
desenvolvido e incentivar a sua continuação" que, por partir de uma
organização internacional e independente pode "facilitar a obtenção de
apoio para futuros estudos".
A terminar a parte
curricular do Programa Gulbenkian de Formação Médica Avançada, Sofia
Duarte espera dedicar os próximos três anos ao estudo das epilepsias do
primeiro ano de vida.
TRABALHO
O
trabalho distinguido - ‘Dominant and recessive RYR1 mutations in adults
with core lesions and mild muscle symptoms’ - foi realizado através de
uma colaboração entre o Serviço de Neuropediatria do CHLC, o Laboratório
de Neuropatologia do Hospital de Santa Maria e a Unidade de Genética
Molecular do Centro de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães.
MÉTODO
O
método usado no estudo pode permitir melhorar o diagnóstico das doenças
relacionadas com perturbações da neurotransmissão e ajudar os
cientistas na procura de diferenças moleculares entre as crianças
doentes e as saudáveis. "No fundo estudamos o desenvolvimento normal do
cérebro e a forma como algumas doenças interferem com esse
desenvolvimento", explica.
in Correio da Manhã - 16/03/2012
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