A antropóloga portuguesa Susana Carvalho estudou os chimpanzés da Guiné
Conacri e conseguiu comprovar a teoria que admitia que a espécie se
tornou bípede devido à necessidade de transporte de alimentos raros. A
descoberta representa um avanço na compreensão da postura ereta do ser
humano.
"É um passo em frente na compreensão de uma das nossas características
únicas", declarou à agência Lusa a antropóloga Eugénia Cunha,
orientadora no doutoramento de Susana Carvalho, que segunda-feira
passada prestou provas com sucesso na Universidade de Cambridge.
Esta teoria sobre o bipedismo é uma das conclusões a que a
investigadora chega na sua tese sobre "arqueologia dos primatas", e
resulta de um trabalho de campo na Guiné Conacri, confirmando uma teoria
de 1961, até agora não validada por observações de primatas.
Tal artigo científico – explica a professora da Universidade de Coimbra
- "vem dar razão" àquela teoria científica, de que "o bipedismo é uma
estratégia muito benéfica no sentido de carregar alimentos pouco
disponíveis", que "eram muito raros e preciosos".
A possibilidade de poder transportar o máximo de uma só vez, nos
membros superiores, "terá sido uma fortíssima pressão evolutiva,
seletiva, que levou efetivamente à evolução do bipedismo", concluiu.
Pesquisa juntou investigadores de vários países
"Susana Carvalho é das investigadoras a nível mundial com mais
experiência de campo em chimpanzés", acrescentou Eugénia Cunha, frisando
que tal trabalho é objeto de um artigo científico ontem publicado em
Inglaterra, do qual a investidora portuguesa é a principal autora. O
trabalho juntou ainda colegas britânicos, dos EUA e do Japão.
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