quinta-feira, 19 de abril de 2012

Grande passo português para tratar cancro da mama

Um estudo levado a cabo pela Cancer Reasearch UK e liderado pelos portugueses Carlos Caldas e Samuel Aparício pode revolucionar a forma como as mulheres que sofrem de cancro da mama vão ser diagnosticadas e tratadas no futuro.
A equipa formada por profissionais do Instituto de Investigação de Cambridge da Cancer Research e da Agência de Cancro BC de Vancouver, Canadá, conseguiu reclassificar a doença em 10 categorias novas, baseando-se na impressão digital genética de um tumor.

A nova organização é um passo importante para que médicos possam, um dia, basear-se nelas para prever melhor a taxa de sobrevivência das pacientes e aplicar um tratamento mais adequado a cada caso.
Publicada na revista Nature na passada quarta-feira, esta é a maior investigação sobre os genes de tecidos do cancro da mama alguma vez desenvolvida, o "culminar de décadas de pesquisa sobre a doença", revela a Cancer Research.
Para atingir estes resultados, os cientistas analisaram o ADN e o ARN (cadeia responsável pela síntese das proteínas na célula) de duas mil amostras de tumores, retiradas de mulheres diagnosticadas com cancro da mama nos 5 a 10 anos anteriores.
Assim, dividiram o cancro da mama em, pelo menos, 10 subcategorias, agrupadas por características genéticas comuns que se relacionam com a sobrevivência, o que pode permitir a alteração dos medicamentos e das doses administradas nos períodos de tratamento.
Foram ainda descobertos vários genes motores do cancro da mama completamente novos, com potencialidade para se constituir agora como novos alvos a combater. Estes genes foram relacionados com marcadores de células conhecidos, de forma a perceber de que modo eles intervêm em processos celulares importantes.

Portugueses lideraram a equipa de investigação
Carlos Caldas, professor sénior no Instituto de Investigação de Cambridge e um dos autores principais do estudo referiu que os "resultados vão abrir caminho para que os médicos possam no futuro diagnosticar que tipo de cancro da mama determinada mulher tem, que tipo de medicamentos vão funcionar e os que não vão, de uma forma mais precisa do que aquela que é agora possível".
O português explica que "o próximo passo é descobrir como os tumores de cada subcategoria se comportam - por exemplo como crescem e se espalha". "Temos de levar a cabo mais estudos no laboratório e com pacientes para confirmar o plano de tratamento mais acertado para cada um dos 10 tipos de cancro da mama", diz ainda.
O outro português que lidera a investigação, a trabalhar na Agência de Cancro BC é Samuel Aparício. O cientista afirma que "o cancro da mama é um problema global e que é entusiasmante ver emergir uma nova linha de trabalho para o seu entendimento".
 

in Boasnotícias - 19/04/2012


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