Foi com surpresa que Diana recebeu o convite da directora de arte da Administração Postal das Nações Unidas.“Fiquei muito contente quando soube que vai chegar a tantas pessoas, em tantos países”, referiu ao P3. Trata-se de uma colecção que a ONU lança todos os anos para sensibilizar as pessoas para a fauna em perigo de extinção. Esta é a 20ª edição e estará à venda a 19 de Abril.
O prazo era apertado (cinco semanas para ilustrar três folhas com quatro selos cada), por isso, o trabalho envolveu uma planificação cuidadosa. “Houve uma primeira fase de escolha das espécies, baseada numa lista proposta pela ONU; depois tirei uma semana para pesquisar referências e completar esboços. De seguida, parti para o trabalho final”, explica a Diana Marques.
Os “modelos” escolhidos foram o leopardo das neves, o panda gigante, o tigre da sibéria, a iguana verde, o saguim cabeça de algodão, o camaleão orelhas de elefante, o gato do mato pequeno, o papagaio tigre, o lemur cabeça dourada, o axolote, o faisão do Bornéu e a coruja de máscara.
Entre o rigor da ciência e a arte da ilustração
Mais que um processo criativo, a ilustração científica assume-se como uma ferramenta de comunicação, que passa por “escolher uma estratégia para chegar às pessoas e dizer o que a ciência pretende dizer”. O equilíbrio entre a vertente estética e a vertente científica “é muito delicado e é importante ser um ilustrador científico a fazê-lo porque está preparado para tomar decisões”, destaca Diana Marques.
Diana sempre viveu entre estas duas vocações. “São dois interesses que vivem lado a lado desde sempre, mesmo nos testes psicotécnicos tinha sempre classificações muito elevadas em ciências e em artes. Depois acabei por escolher estudar Biologia na faculdade, e estava no segundo ano quando vi o anúncio de um curso de ilustração científica, e é engraçado como “clicou” imediatamente”.
Assim começou um percurso que a levou a ser um dos nomes mais sonantes da área, caminho que passou por uma pós-graduação na Universidade da Califórnia, e pelo trabalho no National Museum of Natural History da Smithsonian Institution, em Washington; no Queensland Museum, na Austrália; e no American Museum of Natural History, em Nova Iorque, entre outros.
Ser ilustrador científico em Portugal
Questionada sobre o motivo do regresso a Portugal, a ilustradora revela que quis “dar alguma contribuição para o panorama nacional”. “Há coisas que eu posso oferecer e espero que em retorno existam coisas que o país me pode dar também”, disse.
A ilustração científica tem feito um percurso ascendente no nosso país. “Já é possível completar a formação por cá: existe um mestrado em Ilustração científica, do Instituto Superior de Educação e Ciências, em Lisboa, em colaboração com a Universidade de Évora, e abriu este ano uma pós-graduação na Universidade de Aveiro”, lembra Diana Marques.
Ainda assim, a ilustradora alerta que “ainda há muito caminho para fazer, muitos mercados por explorar”, e que “sobretudo os produtores de ciência deveriam tirar mais partido da comunicação visual”.
in http://p3.publico.pt/ - Texto de Isabel Pereira/Projecto Ciência 2.0 • 22/01/2012 - 17:49
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