Você já imaginou como seria sua vida se você fosse daltônico? Parar no sinal vermelho (“é o de cima, né?”), pegar a linha verde do metrô (“verde era mesmo a linha da Sé?”), presentear um amigo que odeia o Flamengo (“aí meu Deus, será que essa camiseta não é vermelha?”). O designer português Miguel Neiva pensou em uma maneira de resolver todos esses problemas e criou um código para daltônicos, o ColorAdd. Confira entrevista com ele.
Como você teve a ideia do projeto?
Surgiu com a minha tese de dissertação de mestrado em design e marketing na Universidade de Minho – inicialmente direcionado para a indústria têxtil. Durante minha pesquisa, conclui que nada está sendo feito para diminuir os constrangimentos do daltônico. E a marca ColorAdd apareceu quando decidi levar este projeto de inclusão mais longe do que uma simples tese. Depois de garantir a proteção da marca, me rodiei de uma equipe multidisciplinar capaz de implementar um projeto “diferente”, “Made in Portugal”. Foi um enorme e motivador desafio
Em que consiste o projeto? Qual é seu objetivo?
Essencialmente este é um projeto de inclusão. Ele consiste na criação de um código gráfico que permite aos daltônicos identificarem as cores. O objetivo é dotar o daltônico - cerca de 10% da população masculina mundial - de uma ferramenta capaz de, sem a dependência de terceiros nem o desconforto da insegurança, identificar as cores, sempre que ela for um fator determinante na tomada de decisão.
Essencialmente este é um projeto de inclusão. Ele consiste na criação de um código gráfico que permite aos daltônicos identificarem as cores. O objetivo é dotar o daltônico - cerca de 10% da população masculina mundial - de uma ferramenta capaz de, sem a dependência de terceiros nem o desconforto da insegurança, identificar as cores, sempre que ela for um fator determinante na tomada de decisão.
Desenvolvi um estudo com daltônicos, com resultados extremamente elucidativos quanto a “necessidade” desta ferramenta. 90% do daltônicos necessita de ajuda para comprar roupa, mais de 40% já sentiu dificuldade na integração social, quase 50% sentiu o embaraço da roupa escolhida não ser a melhor. Mesmo tendo nome, pelo menos 50% dos utilizadores dos “metrôs” usam a cor como fator de identificação. Nos hospitais, não só a orientação dentro dos edifícios hospitalares, mas também a triagem nas urgências é feita exclusivamente pela cor. Dá para imaginar o desconforto psicológico que será a errada interpretação das cores.
A aplicação deste código é transversal a todas as áreas sociais e econômicas - desde os transportes, a saúde, a educação, passando pela indústria têxtil, de tintas e muitas outras. No entanto, para esse projeto que se pretende global e de inclusão social, consideramos que as áreas de saúde e educação são as principais.
Quais são os planos para implantar o projeto?
O lançamento do sistema ColorAdd no mercado iniciou-se em Dezembro de 2009 e temos já uma parceria com uma importante empresa de tintas no mercado espanhol e português. Estamos também em fase adiantada de negociações para aplicar o código em duas empresas multinacionais de grande relevo na área de transportes e vestuário. Como temos a ideia de internacionalizar o código, estamos disponíveis para estabelecer parcerias com empresas que tenham experiência relevante nos mercados locais, como por exemplo o do Brasil. Considero o Brasil como uma forte possibilidade de impulsionar este projeto à dimensão global, não só pelo tamanho da população do país, mas principalmente pelo interesse por projetos de inclusão demonstrado por vários contatos que tenho recebido.
Qual seu mercado-alvo?
O mercado do ColorAdd é muito vasto, abrange todas as empresas/organizações que utilizam a cor para comunicar características dos seus produtos ou prestar informações em qualquer parte do mundo. A aplicação do sistema ColorAdd é transversal a todos os quadrantes da sociedade global, independentemente da sua localização geográfica, cultura, língua, religião, bem como às diferentes vertentes socioeconômicas.
Você tem mais projetos em vista?
Quando se está no design com paixão (como em qualquer outra atividade) quando terminamos um projeto já estamos pensando em muitos outros. Mas neste momento meu grande desafio é conseguir implementar esse projeto no mundo todo.
in Revista Galileu (Brasil)
Página Oficial: http://www.coloradd.net/index.asp
Sem comentários:
Enviar um comentário