Casas privadas, edifícios públicos, infra-estruturas de engenharia, edifícios históricos, obras famosas e outras desconhecidas vão estar de portas abertas para visitas livres ou comentadas durante o fim-de-semana de 4 e 5 de Julho.
É a primeira edição da Open House no Porto, que engloba também Matosinhos e Vila Nova de Gaia.
Este evento internacional, que celebra a arquitectura e a sua relação com a sociedade, começou em 1992, em Londres, e hoje já se realiza em 23 cidades (incluindo Lisboa, desde há três anos). Pedro Bandeira, o arquitecto convidado para comissariar esta edição, explica à SÁBADO que critérios seguiu para escolher os 42 edifícios deste primeiro Porto Open House.
Se a Casa da Música, o farol da Boa Nova, a Casa de Chá da Boa Nova ou o Teatro Nacional de S. João são bem conhecidos do público, outros espaços não têm a mesma projecção mediática. "Interessa-nos chegar a um público abrangente", explica. Por isso criou uma grande diversidade de propostas, "tanto do ponto de vista tipológico como programático". O arquitecto focou-se em duas vertentes específicas: as infra-estruturas, "que não são propriamente objectos arquitectónicos", e a reabilitação, tendo em atenção o centro histórico do Porto, mas não só.
A Refinaria de Matosinhos, inaugurada em 1970, é um bom exemplo de algo que não é arquitectura mas que tinha lugar nesta selecção. Situada em frente à praia, em Leça da Palmeira, é um complexo de estruturas que exerce "um certo fascínio" - "passo ali desde criança, e principalmente à noite, por causa das luzes, sempre me fez lembrar uma pequena Manhattan. Parece uma cidade futurista que podia servir para cenário de um filme de ficção científica. Nesse sentido evoca um imaginário arquitectónico muito forte".
Além disso, está numa zona utilizada para lazer. "As pessoas vão ali à praia, fazer piqueniques, correr, e deparam-se com aquela infra-estrutura muito grande, que às vezes emana um cheiro insuportável. Não a podemos ignorar porque faz parte do nosso quotidiano, e porque ali se produz combustível."
Reabilitações
O arquitecto quer que a discussão esteja presente em todos as paragens do roteiro, com especial destaque para os edifícios reabilitados.
"Fomos buscar diferentes exemplos de reabilitação e remodelação para tentar mostrar como se trabalha hoje com a cidade herdada, a cidade histórica." Assim, mesmo quando abordamos edifícios históricos "o foco está sempre na contemporaneidade".
E neste ponto Pedro Bandeira não tenta fugir a polémicas. Um dos prédios escolhidos é o 310 da rua do Breyner, na baixa do Porto. Nesta recuperação, os arquitectos César Machado Moreira e Cláudia Dias apenas deixaram de pé o alçado do edifício pré-existente e trabalharam-no de uma forma muito cenográfica. Tudo o que estava dentro foi destruído para se erguer um espaço novo, com uma linguagem muito contemporânea, "o que entra em choque com o sentido da pré-existência", diz Pedro Bandeira.
Nas três casas da Rua dos Caldeireiros, do arquitecto Paulo Moreira (que vai orientar as visitas de domingo entre as 15h e as 19h), o tipo de reabilitação é diferente, possui até "uma certa ironia". O arquitecto quis mostrar como são as infra-estruturas, ou seja, expor coisas que tradicionalmente não são expostas.
Há pormenores "que vieram alterar o modo como se olha para estes edifícios. O que me interessa é mostrar diferentes tipos de intervenção, que também reflictam diferentes investimentos do ponto de vista orçamental. Quero que os visitantes percebam que a dignidade de um edifício pode estar num pormenor, numa pequena intervenção, e que não é preciso muito mais".
Vários edifícios e estruturas que o arquitecto queria ter incluído nesta lista acabaram de fora, como a torre da serra do Pilar, da PT, "que tem uma vista maravilhosa para o Porto, mas que neste momento está em obras", ou as piscinas do complexo do Foco, que por razões de segurança não puderam entrar, assim como os túneis que vão de Arca d'Água à praça dos Leões. Pedro Bandeira espera que estas estruturas sejam incluídas em próximas edições Open House.
É a primeira edição da Open House no Porto, que engloba também Matosinhos e Vila Nova de Gaia.
Este evento internacional, que celebra a arquitectura e a sua relação com a sociedade, começou em 1992, em Londres, e hoje já se realiza em 23 cidades (incluindo Lisboa, desde há três anos). Pedro Bandeira, o arquitecto convidado para comissariar esta edição, explica à SÁBADO que critérios seguiu para escolher os 42 edifícios deste primeiro Porto Open House.
Se a Casa da Música, o farol da Boa Nova, a Casa de Chá da Boa Nova ou o Teatro Nacional de S. João são bem conhecidos do público, outros espaços não têm a mesma projecção mediática. "Interessa-nos chegar a um público abrangente", explica. Por isso criou uma grande diversidade de propostas, "tanto do ponto de vista tipológico como programático". O arquitecto focou-se em duas vertentes específicas: as infra-estruturas, "que não são propriamente objectos arquitectónicos", e a reabilitação, tendo em atenção o centro histórico do Porto, mas não só.
A Refinaria de Matosinhos, inaugurada em 1970, é um bom exemplo de algo que não é arquitectura mas que tinha lugar nesta selecção. Situada em frente à praia, em Leça da Palmeira, é um complexo de estruturas que exerce "um certo fascínio" - "passo ali desde criança, e principalmente à noite, por causa das luzes, sempre me fez lembrar uma pequena Manhattan. Parece uma cidade futurista que podia servir para cenário de um filme de ficção científica. Nesse sentido evoca um imaginário arquitectónico muito forte".
Além disso, está numa zona utilizada para lazer. "As pessoas vão ali à praia, fazer piqueniques, correr, e deparam-se com aquela infra-estrutura muito grande, que às vezes emana um cheiro insuportável. Não a podemos ignorar porque faz parte do nosso quotidiano, e porque ali se produz combustível."
Reabilitações
O arquitecto quer que a discussão esteja presente em todos as paragens do roteiro, com especial destaque para os edifícios reabilitados.
"Fomos buscar diferentes exemplos de reabilitação e remodelação para tentar mostrar como se trabalha hoje com a cidade herdada, a cidade histórica." Assim, mesmo quando abordamos edifícios históricos "o foco está sempre na contemporaneidade".
E neste ponto Pedro Bandeira não tenta fugir a polémicas. Um dos prédios escolhidos é o 310 da rua do Breyner, na baixa do Porto. Nesta recuperação, os arquitectos César Machado Moreira e Cláudia Dias apenas deixaram de pé o alçado do edifício pré-existente e trabalharam-no de uma forma muito cenográfica. Tudo o que estava dentro foi destruído para se erguer um espaço novo, com uma linguagem muito contemporânea, "o que entra em choque com o sentido da pré-existência", diz Pedro Bandeira.
Nas três casas da Rua dos Caldeireiros, do arquitecto Paulo Moreira (que vai orientar as visitas de domingo entre as 15h e as 19h), o tipo de reabilitação é diferente, possui até "uma certa ironia". O arquitecto quis mostrar como são as infra-estruturas, ou seja, expor coisas que tradicionalmente não são expostas.
Há pormenores "que vieram alterar o modo como se olha para estes edifícios. O que me interessa é mostrar diferentes tipos de intervenção, que também reflictam diferentes investimentos do ponto de vista orçamental. Quero que os visitantes percebam que a dignidade de um edifício pode estar num pormenor, numa pequena intervenção, e que não é preciso muito mais".
Vários edifícios e estruturas que o arquitecto queria ter incluído nesta lista acabaram de fora, como a torre da serra do Pilar, da PT, "que tem uma vista maravilhosa para o Porto, mas que neste momento está em obras", ou as piscinas do complexo do Foco, que por razões de segurança não puderam entrar, assim como os túneis que vão de Arca d'Água à praça dos Leões. Pedro Bandeira espera que estas estruturas sejam incluídas em próximas edições Open House.
Farol da Boa Nova de Leça da Palmeira
Construído em 1927, faz parte de um complexo de edifícios que serviu para acolher a escola de faroleiros. É o segundo maior farol de Portugal (46 m) e foi o primeiro no Norte do País a ter uma lanterna eléctrica instalada. Para subir até ao varandim e usufruir das vistas há um elevador, mas também pode subir os 225 degraus. As visitas estão limitadas a 30 minutos e podem realizar-se sábado e domingo entre as 14h e as 17h.
in Sábado
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